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por Equipe do Observatório

Baixo consumo de carne revela diminuição do poder de compra

A carne bovina integra a alimentação de apenas 39% dos 3800 entrevistados de uma pesquisa realizada pela plataforma Kentar sobre o consumo de proteínas durante o primeiro trimestre de 2023 no Brasil. O consumo de proteínas em geral caiu 9% no período. Os altos preços da carne seriam o principal fator para a queda, evidenciando a diminuição do poder de compra do consumidor, já que o consumo de outras fontes de proteína subiram: o consumo de carne suína subiu 9,1% e o consumo de frango representa 28,6%.

Outras fontes mais baratas, porém, caíram: o consumo de linguiças caiu para 14,9% e o de salsicha para 3,8%. A razão por trás disso seria os primeiros sinais de uma retomada com a diminuição da inflação, com reflexo principalmente no crescimento da carne de porco e de frango. Provavelmente, dadas as condições financeiras, o consumo de carne vermelha poderá demonstrar recuperação.

“Quanto mais a gente tem pressão inflacionária, principalmente dentro de cada item de alimentação, se ele continua elevado, ele continua deixando o poder de compra do brasileiro cada vez menor”

“Com a redução da renda média principalmente no período pandêmico e pós-pandemia, as pessoas precisam fazer escolhas de acordo com o que tem disponível para gastos. Quando o consumo da carne bovina cai, por questão de elevação de preço, você vê o consumo de outras proteínas aumentar, como da carne suína, de ovos e de frango”, avalia o economista André Braga. “Quanto mais a gente tem pressão inflacionária, principalmente dentro de cada item de alimentação, se ele continua elevado, ele continua deixando o poder de compra do brasileiro cada vez menor”, completa.

De fato, a redução do consumo e o comprometimento da renda fica mais evidente nas classes mais baixas: para as famílias com rendimentos de até R$ 5,2 mil, 50,7% desse valor é gasto com comida, segundo pesquisa divulgada pelo Instituto Locomotiva em abril. Na classe B, com rendimentos entre R$ 13 mil e R$ 26 mil, o valor comprometido com alimentação corresponde a apenas 13,2% da renda.

Em março, o relatório da Consultoria Agro do Banco Itaú BBA revelou que o Brasil atualmente está com o consumo mais baixo de carne em 18 anos: em 2022, o consumo de carne bovina atingiu 24,2 kg por habitante. Também no ano passado, o valor do produto subiu 18% em relação a 2021.