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por Equipe do Observatório

Novo incentivo ao carro popular não atende população e não deve impactar no emprego

A nova política de incentivo ao carro popular no Brasil não acomoda a renda média do brasileiro e não deve gerar empregos, podendo beneficiar talvez apenas as vendas do setor caso haja demanda. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, até nesta segunda-feira (19/06), as montadoras brasileiras já haviam solicitado R$ 320 milhões, cerca de 64% dos recursos do subsídio oferecido pelo Governo Federal para tentar aquecer as vendas de veículos 0 km no Brasil. Desde que começou a operar, o programa beneficiou 32 modelos com descontos de R$ 2 mil a R$ 8 mil.

Destes, apenas dois modelos, o Renault Kwid (R$ 58.990) e o Fiat Mobi (58.990) ficaram abaixo de R$ 60 mil. O economista Bruno Fleury avalia o programa, que não será estendido, como ineficaz, pois não atende a população e é incapaz de gerar empregos.

“É uma decisão que não tem alcance econômico efetivo”

“É uma decisão que não tem alcance econômico efetivo, de curtíssimo prazo. O recurso é limitado. Resolve um problema pontual das montadoras que estão com os pátios cheios e precisam escoar esses produtos”, diz Fleury. “Poucas pessoas vão ter acesso [aos veículos], porque apesar dos descontos, eles continuam inacessíveis para a maior parte da população brasileira e as taxas de juros estão extremamente elevadas, o que dificulta financiar um veículo no preço atual, acima de R$ 60 mil”, completo.

A eficiência da política só poderá ser avaliada no mês que vem. Dados divulgados nesta segunda pela B3 mostram que os financiamentos de automóveis no Brasil permanecem estáveis desde 2014, tendo uma queda significativa apenas no período da pandemia.

A maior parte das aquisições é por meio de financiamento, especialmente de carros usados: em maio deste ano, dos 500 mil veículos financiados, 323 mil eram usados em oposição a 178 mil novos.

Em Goiás, foram financiados 19,6 mil veículos, entre novos e usados, em maio deste ano, um crescimento de 23,4% em relação a abril, porém uma diferença de apenas 6,1% em relação ao mesmo período de 2022.