Segundo dados levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento-hora da população ocupada branca (R$ 20) era 61,4% maior que o da população preta ou parda (R$12,4). Por nível de instrução, a maior diferença (37,6%) estava no nível superior completo: R$ 35,30 para brancos e R$ 25,70 para pretos ou pardos.
Além disso, a população negra está mais na informalidade e ocupa posições de rendimento médio mais baixo. Dos 40,9% dos trabalhadores que estavam em ocupações informais em 2022, a proporção de informais entre mulheres pretas ou pardas (46,8%) e homens pretos ou pardos (46,6%) superava a média, enquanto mulheres brancas (34,5%) e homens brancos (33,3%) ficaram abaixo da média.
“A tributação no Brasil é muito injusta, o que dificulta tanto a questão do emprego, tanto a questão do aumento de renda e por aí vai”
Entre os trabalhos de menor rendimento, a proporção de trabalhadores negros empregados na agropecuária (62%), na construção civil (65,1%) e nos serviços domésticos (66,4%) é maior que a de brancos.
“Essa é uma questão muito complexa. Ao meu ver, no meu diagnóstico, o racismo, ele é quase que estrutural dentro da legislação brasileira. Então, até a forma que o Estado brasileiro se comporta dentro desses mecanismos é racista. Ela dificulta o acesso à população negra a trabalhos, empregos e por aí vai. Não é só uma questão, digamos, da organização social, ela também é uma questão de Estado, de tributação”, analisa o economista Pedro Ramos.
Apesar de avanços recentes, o racismo estrutural no Brasil ainda impõe barreiras invisíveis que contribuem para essa desigualdade, como por meio dos impostos no consumo: “A tributação no Brasil é muito injusta, o que dificulta tanto a questão do emprego, tanto a questão do aumento de renda e por aí vai”.
De fato, as pessoas pretas ou pardas representam mais de 70% dos pobres e dos extremamente pobres no Brasil. Entre as mulheres pretas ou pardas, os percentuais chegam a 41,3% de pobres e a 8,1% de extremamente pobres.