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por Equipe do Observatório

Relatório de Transparência Social revela que mulheres ainda ganham 20,9% a menos que os homens

Os dados do 3º Relatório de Transparência Salarial revelam que, embora a participação das mulheres no mercado de trabalho tenha aumentado (de 38,8 milhões em 2015 para 44,8 milhões em 2024), a desigualdade salarial ainda persiste. Em média, as mulheres recebem 20,9% a menos que os homens. Esses números evidenciam que, apesar dos avanços quantitativos, as barreiras estruturais relacionadas a gênero e raça permanecem profundamente enraizadas. A situação se agrava ainda para as mulheres negras, que ganham 53% a menos que homens brancos.

“O aumento marginal da diferença salarial (de 19,4% em 2022 para 20,9% em 2024) sugere que políticas isoladas não são suficientes para reverter esse cenário. A desigualdade salarial entre gênero freia o crescimento econômico, pois os dados informam que a igualdade salarial poderia injetar R$ 95 bilhões na economia brasileira em 2024”, pontua a economista Fernanda Mayra.

“Esses números mostram que a desigualdade não é apenas uma questão de justiça social, mas também um grande obstáculo ao desenvolvimento econômico”

Além disso, o Banco Mundial estima que o PIB global poderia crescer mais de 20% com a equidade de gênero, e o Brasil teria a ampliação de sua economia em R$ 382 bilhões com a adoção de políticas moderadas de igualdade de gênero. “Esses números mostram que a desigualdade não é apenas uma questão de justiça social, mas também um grande obstáculo ao desenvolvimento econômico. As mulheres, quando têm mais renda, investem na família, gerando mais educação e saúde até para as próximas gerações”, pontua Mayra.

Os ministérios das Mulheres e do Trabalho e Emprego lançaram o Guia para Negociação Coletiva da Lei de Igualdade Salarial e o Movimento pela Igualdade no Trabalho para enfrentar a situação, o que, para Mayra, demonstra um esforço para combater a desigualdade por meio de ações práticas, como transparência salarial e capacitação. “A Lei nº 14.611/2023 é um passo importante, mas sua eficácia dependerá de fiscalização rigorosa e da adoção de metas claras por parte das empresas, especialmente nos setores com maiores disparidades”, conclui.