Um levantamento realizado pelo Sebrae Goiás para analisar o perfil das microempresas aponta o crescimento de 183% no número de microempreendedores individuais (MEI) registrados no Estado nos últimos 10 anos. O aumento foi de 208 mil em 2015 para 589 mil em 2025. O setor de serviços lidera, com 53% dos MEI, seguido pelo comércio (27%), pela indústria (11%) e pela construção civil (9%).
Segundo a pesquisa, as atividades econômicas que concentram os maiores contingentes de MEI são: cabeleireiros, manicure e pedicure (6%); comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios (6%); promoção de vendas (5%); obras de alvenaria (4%) e preparação de documentos e serviços especializados de apoio administrativo não especificados anteriormente (3%).
Os dados apontam que 36% dos MEI registraram o CNPJ há menos de dois anos e 31% tem menos de cinco anos de atividade. Além disso, 34% dos microempreendedores possui local de trabalho próprio enquanto outros 20% trabalham de casa. O desejo de ser dono do próprio negócio (40%) foi o principal motivo apontado para se tornar MEI, seguido pela busca de maior flexibilidade de horários (37%).
“É importante destacar que o aumento no número de MEIs é, a princípio, um fator positivo para o cenário econômico, principalmente se tratando na redução da informalidade”
“É importante destacar que o aumento no número de MEIs é, a princípio, um fator positivo para o cenário econômico, principalmente se tratando na redução da informalidade”, avalia o economista Lucas Marin. “Uma vez que um maior número de pessoas se regulariza como MEI, maior se torna a arrecadação do setor público. Dado que parte desses recursos é reinvestida na sociedade por meio de políticas públicas”, completa.
Ele adiciona que, do ponto de vista individual, a formalização traz benefícios significativos, “como o direito à aposentadoria, acesso ao crédito e melhores oportunidades com fornecedores. Esses aspectos, por si só, já representam um avanço”. Essas vantagens foram citadas pelos entrevistados que mencionaram o direito à aposentadoria (38%), a possibilidade de emissão de nota fiscal (27%) e melhores condições de compra junto a fornecedores (23%).
Além disso, a regularização das atividades também gera dados que podem ser utilizados para aprimorar ferramentas e políticas de apoio aos empreendedores. “Isso facilita a atuação de órgãos de controle, melhora o acesso ao crédito e fornece informações valiosas para pesquisas e ações governamentais”, pontua.
Porém, existem algumas fragilidades: a pesquisa apontou que 78% dos entrevistados afirmaram que ser MEI é sua principal ocupação, mas apenas 22% declararam conseguir pagar todas as despesas e obter lucro. Outros 46% afirmam que enfrentam períodos de dificuldade para manter as contas em dia.
“Esse cenário demonstra uma certa complexidade na situação de estabilidade destes empreendimentos. É importante lembrar que, de um ponto de vista individual, a atuação como MEI não possui carga horária fixa, então é possível que a dedicação necessária para a condução de um negócio seja muito superior a carga de trabalho de vínculos empregatícios, o que significa uma possível precarização, especialmente se pensarmos em outros direitos como férias e 13º. Esta questão está em aberto e carece de pesquisas para maiores afirmações”, pondera. “De maneira geral, o aumento de MEIs, unido à um cenário de aumento de empregos disponíveis, é um bom indicador de melhora da conjuntura econômica”, conclui.