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por Equipe do Observatório

Aprendizagem profissional bate recorde e pode ser mecanismo de transformação social

O estoque de jovens aprendizes no mercado de trabalho chegou a 646.407 em março de 2025 em todo o país, o maior número de contratos desde que a lei entrou em vigor em 2000, um crescimento de 10,28% em relação a março de 2024. Atualmente, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Goiás possui mais de 4 mil aprendizes em atuação.

Qualquer estabelecimento com no mínimo sete trabalhadores em demandas que exigem formação profissional são obrigados a contratar aprendizes, em uma cota de 5% a 15%. O programa atende jovens entre 14 e 24 anos, que podem assinar contrato de até dois anos, com carteira de trabalho assinada e direitos trabalhistas assegurados. Em contrapartida, os aprendizes devem estar estudando em uma entidade de formação técnico-profissional.

“O recorde revela um movimento importante de articulação entre política pública, mercado de trabalho e inclusão produtiva. O programa Jovem Aprendiz tem funcionado como um mecanismo eficiente de formação de capital humano, ao permitir que milhares de jovens ingressem no mercado formal ao mesmo tempo em que recebem qualificação”, avalia o economista Diego Dias.

Ao seu ver, o aumento das contratações é um sinal de recuperação e expansão da empregabilidade entre os mais jovens, historicamente mais afetados pelo desemprego. “Isso tende a impactar positivamente a produtividade futura, já que esses jovens ganham experiência prática desde cedo, com direitos trabalhistas e acesso à educação técnica”, pontua.

“A longo prazo, essa política pública reforça a integração entre desenvolvimento econômico e inclusão social, pilares essenciais para uma economia mais equilibrada e sustentável”

O Governo de Goiás avançou nessa política pública com o programa Aprendiz do Futuro, através do qual promove não só a profissionalização como também a inclusão social e a cidadania. A iniciativa trabalha a inserção de adolescentes e jovens no mercado de trabalho, combate a evasão escolar e o desemprego. O programa estadual é voltado para jovens entre 14 e 16 anos estudantes da rede pública (ou bolsistas), com renda familiar de até dois salários mínimos.

E o programa estadual também tem atraído interesse: em maio passado, o Governo de Goiás anunciou a ampliação do programa para 10 mil vagas, efetivamente tornando-o o maior programa estadual de socioaprendizagem do Brasil. “Isso mostra um esforço regional para reduzir a vulnerabilidade social e aumentar a mobilidade socioeconômica dos jovens. Ao direcionar vagas a adolescentes entre 14 e 16 anos em situação de vulnerabilidade, o Estado acerta na base do problema: formar, empregar e proteger”, pontua Diego.

Economicamente, a movimentação de renda, com salários médios próximos de R$ 910,77, contribui para o aquecimento do consumo em setores locais, mas há mais impactos positivos: “Socialmente, programas como esse ajudam a prevenir a evasão escolar, o trabalho informal precoce e a exposição a riscos sociais. A longo prazo, essa política pública reforça a integração entre desenvolvimento econômico e inclusão social, pilares essenciais para uma economia mais equilibrada e sustentável”, finaliza o economista.