Uma pesquisa do Núcleo Brasileiro de Estágios revelou que quatro em cada dez candidatos entre 15 e 29 anos consideram o controle da ansiedade como a principal dificuldade durante entrevistas de emprego. Segundo o levantamento, 41,51% dos entrevistados declararam se sentir ansiosos ou nervosos durante a conversa; 26,61% tinham receio de não conseguir demonstrar sua capacidade e 18,61% acharam desafiador falar sobre os próprios pontos fortes e fracos. A pesquisa contou com cerca de 21 mil respondentes.
A psicóloga Letícia Tavares informa que a ansiedade é um aspecto inevitável da vida, mas que pode se tornar patológica quando passa a impedir que realizemos ações, como por exemplo evitar situações que podem gerar desconforto o que, por sua vez, pode impedir o acesso das pessoas a novas oportunidades.
“Quando se pensa em trabalho, existem vários fatores que contribuem para o bom desenvolvimento da pessoa ou que a prejudica em termos de conquista de espaço no mercado de trabalho, como por exemplo o manejo adequado ou não da ansiedade, o que pode oferecer àquele que procura o trabalho, o reconhecimento e a amenização da angústia diante do desemprego, exemplo”, pontua.
Por outro lado, Tavares avalia que o acesso ao mercado de trabalho para os jovens de hoje se tornou um pouco mais complicado do que era, com maior concorrência e aumento no número de etapas avaliativas, como avaliação de currículo, entrevista, dinâmicas, testes e outros processos que aumentam esse nervosismo, sem contar, muitas vezes, com a falta de retorno ou feedback por parte dos recrutadores. Isso faz com que a pessoa enfrente diversas etapas de seleção, não seja contratada e ainda fique no escuro, o que aumenta a insegurança e a sensação de rejeição.
“Quando se pensa em trabalho, existem vários fatores que contribuem para o bom desenvolvimento da pessoa ou que a prejudica em termos de conquista de espaço no mercado de trabalho”
Só que os jovens adultos de hoje, eles lidam com uma precarização diante do mercado no que tange à oportunidade de emprego, falta de retornos e feedback em análises de currículo e também a extrema concorrência nas vagas de emprego, o que leva ao que foi citado anteriormente, à ansiedade.
“Essas angústias se fazem presente no momento decisório em que os currículos serão avaliados e nas entrevistas, podendo fazer com que se sintam julgados, o que pode levar ao medo da rejeição, a uma auto cobrança exacerbada e à auto crítica. Para ter um bom preparo nesse momento, é importante estar atento às suas potencialidades e às suas dificuldades dentro do contexto do trabalho, verificando também se a vaga almejada se encaixa no seu perfil e na sua habilidade”, orienta a psicóloga.
“Também é importante conhecer o ambiente de trabalho e suas características. Fazer uma boa revisão do seu currículo e até mesmo treinar sua oratória pode ser benéfico, principalmente para pessoas que se sintam excessivamente ansiosas ao falar diante de um avaliador. Além disso, existem técnicas de respiração que podem ser praticadas em momentos de maior estresse”, continua.
Um exemplo é a respiração diafragmática, que faz com que a pessoa preste atenção no ritmo de respiração, ajudando na oxigenação de maneira melhor e também a respiração 555, que envolve inspirar por cinco segundos, segurar por cinco segundos o ar e expirar por cinco segundos que também leva a essa atenção maior para a respiração, fazendo com que a pessoa também mude o foco da ansiedade.
Outra estratégia adotada pela psicóloga é fazer algo prazeroso antes de um processo que será estressante, ajudando a distrair a mente e a relaxar o corpo. “Por exemplo, eu gosto de ouvir música, o que pode me ajudar a me distrair com maior facilidade, a assistir algum vídeo com o assunto do meu interesse, ver uma série ou algo do tipo, que são atividades prazerosas e que podem ter uma liberação de dopamina num momento em que a gente vai fazer uma atividade que vai exigir muito do nosso mental. Cada pessoa pode encontrar o que possa vir a aliviar esse estresse”, conclui.