O número de pessoas que trabalham por meio de aplicativos cresceu 25,4% em 2024, na comparação com 2022. Nesse intervalo, o contingente de trabalhadores nessa condição passou de 1,3 milhão para quase 1,7 milhão. São 335 mil pessoas a mais, segundo os dados da a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. Em 2022, os trabalhadores por meio de aplicativos eram 1,5% dos 85,6 milhões de ocupados, proporção que alcançou 1,9% dos 88,5 milhões de ocupados em 2024.
Quais os fatores que contribuíram para uma expansão tão célere? O economista Luiz Ongaratto aponta que há aspectos positivos que precisam ser levados em consideração. Na sua avaliação, essa expansão se deu principalmente por oferecer maior renda aos trabalhadores com flexibilidade de horário e a chance de atuar “sem patrão”.
“A primeira observação que tem que ser feita são as novas formas de relações de trabalho, porque quando a gente fala de trabalhadores em plataformas, a gente está falando de empreendedorismo digital; de modelos flexíveis de trabalho; e também a absorção de mão-de-obra que não conseguiria ou não estaria em sua totalidade absorvida pelo mercado tradicional”, pontua.
“As plataformas ou qualquer trabalho digital vão dar flexibilidade de horário, uma certa auto-organização, pode ser uma renda complementar ou até mesmo uma renda principal”
“Então isso é um ponto importante, porque as plataformas ou qualquer trabalho digital vão dar flexibilidade de horário, uma certa auto-organização, pode ser uma renda complementar ou até mesmo uma renda principal. Então, quando a gente fala de um cenário de necessidade, de complemento de renda da família, a gente vê mais membros da mesma família indo trabalhar, principalmente o jovem e a questão do primeiro emprego”, completa.
Além disso, ele salienta que houve uma mudança no próprio hábito do consumidor, o que necessariamente afeta o mercado de trabalho, dinamizando certos serviços. “A gente tem uma demanda muito grande de entrega e de transporte, por exemplo. A própria facilidade que se tem de contratação, de acessar esses serviços via smartphones, além de outras soluções. Hoje você vê o mercado de motoboys, de entregas, de encomendas, não somente de comida, mas de outros fluxos que antes não eram tão óbvios assim, além de uma interiorização dos aplicativos, em cidades médias, que estão menos saturadas aí”, avalia.
