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por Equipe do Observatório

Governo oferece intermediação de emprego a imigrantes que chegam a Goiás em busca de melhor qualidade de vida

Goiânia tem 4.280 imigrantes estrangeiros segundo dados divulgados pelo censo 2022. Todas essas pessoas chegam à capital em busca de uma melhor qualidade de vida e têm efeito na economia local em busca de emprego e também girando a roda do consumo. Esses estrangeiros são compostos principalmente por venezuelanos (1.408 pessoas), mas também por americanos (548), portugueses (373), britânicos (416) e até australianos (90). Para além dos gringos, o fluxo de migrantes vindos de outros Estados é o segundo maior do país: quase 180 mil pessoas se mudaram para Goiás entre 2017 e 2022, segundo o IBGE.

Em todo o estado, há 19.748 imigrantes estrangeiros, segundo dados de 2022 do Observatório Estadual de Refugiados, Migrantes e Apátridas de Goiás. A maioria é composta por venezuelanos (19,5%), seguidos por haitianos (18,2%) e colombianos (9,5%). Além da capital, os municípios que mais recebem imigrantes são Anápolis, Aparecida de Goiânia, Valparaíso e Rio Verde.

Para lidar com essa diversidade de pessoas, origens e culturas, o Governo de Goiás tem adotado políticas públicas direcionadas para essa população. Uma delas é por meio da Central Mais Emprego, da Secretaria da Retomada, que acompanha grupos de imigrantes para encaminhamento a vagas de emprego. Após atendimento inicial feito durante um evento do Goiás Social no ano passado, muitos imigrantes são visitados junto com a Ouvidoria Social para identificar o perfil do trabalhador e as vagas disponíveis, além da assistência por meio de cestas básicas e outras necessidades sociais.

“A imigração sempre foi um fenômeno global e não deve ser vista como problema social. Ela é fundamental na construção das identidades, da cultura, da história dos povos e da dignidade”

“Uma das dificuldades encontradas é em relação a documentação desse público que, ao chegar no Brasil, precisa organizar toda a papelada para estar apto a ingressar no mercado de trabalho. Mas através de parcerias com associações de apoio a essa comunidade, o êxito tem sido alcançado de forma gradativa, já conseguindo envolver e chegar a um bom número dessa comunidade”, explica a gerente da Central Mais Emprego, Carolline Alves.

Para acompanhar e atender esse público, o governo do estado oferece o seguinte sistema: a Ouvidoria Social recebe os pedidos de emprego e agenda o atendimento do imigrante na Central Mais Empregos, onde a equipe identifica as vagas com o perfil específico de cada trabalhador. Já no âmbito da regularização, o Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social (Seds), possui uma parceria com a Polícia Federal, estabelecida em janeiro, para acelerar e simplificar o processo de emissão de documentos adequados, para que esta população possa buscar emprego e moradia na capital e em todo o Estado de Goiás.

A socióloga e professora da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (FCS/UFG), Andréa Vettorassi, destaca que o fluxo intenso de imigrantes em Goiás, seja de estrangeiros ou de pessoas vindas de outros Estados, é importante para “entender a dinâmica e a própria identidade do povo goiano. Nosso Estado tem essa marca muito forte de câmbio de pessoas de vários cantos do Brasil e de outros lugares do mundo”.

Para ela, não dá para estudar imigração sem observar as relações de trabalho: “as pessoas migram em busca de trabalho, vão para locais onda há condições socioeconômicas mais viáveis para a sua permanência. Em Goiás, temos fluxos muito diversos, de uma imigração mais qualificada, eu mesma sou fruto disso, vim de São Paulo para ser professora na Universidade Federal de Goiás, e também temos migrantes pouco qualificados”, pontua.

Ela salienta que o migrante aquece a economia e é mão-de-obra muito importante para o mercado de trabalho. “A imigração sempre foi um fenômeno global e não deve ser vista como problema social. Ela é fundamental na construção das identidades, da cultura, da história dos povos e da dignidade. É a história da busca por melhores condições de vida, de trabalho e de relações familiares. É importante que possamos acolher com respeito e dignidade qualquer tipo de imigrante”, afirma.

Por isso, a professora destaca que é importante haver políticas públicas de inclusão dessa população para evitar que seja tirada vantagem de sua situação de vulnerabilidade, pois a precarização dessa mão-de-obra pode prejudicar todos os trabalhadores: “porque muitas vezes eles assumem trabalhos por necessidade que nem os nativos querem ocupar, mas se desqualificamos muito esse trabalho, isso pode levar a uma vulnerabilização de todos os trabalhadores”.