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por Equipe do Observatório

UEG detecta aumento no valor da cesta básica em outubro

O Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Universidade Estadual de Goiás (Nepe|UEG) divulgou os resultados da Pesquisa Mensal da Cesta Básica de Alimentos de Anápolis, referente ao mês de outubro. O levantamento mostrou que a cesta básica na cidade apresentou aumento, passando de R$ 778,99 em setembro para R$ 796,90 em outubro. O valor corresponde a 56,75% do salário mínimo líquido (R$ 1.518). Embora o núcleo se concentre no local da universidade, em Anápolis, os valores ajudam a ter uma noção do custo na região metropolitana, se tratando de uma cidade grande e importante para a economia goiana.

Ainda que a notícia se restrinja à cidade de Anápolis, o informe do NEPE/UEG apresenta comparativamente os dados de outras capitais. O que chama atenção é que Anápolis demonstra um valor da cesta básica que se compara com as cinco capitais brasileiras com maior valor da cesta básica (São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, Cuiabá e Porto Alegre) e, portanto, um valor bastante elevado quando contrastado com o salário mínimo vigente.

Essa situação acaba por colocar as famílias, em especial aquelas com menor renda, a tomarem escolhas complexas. “Do ponto de vista do trabalho, é importante pontuar que o salário mínimo como piso da renda dos brasileiros não é a norma, dado que parcela considerável do mercado de trabalho não possui vínculo empregatício, e que nestes casos é apenas um referencial para o piso da remuneração de um trabalhador. O comprometimento de mais da metade da renda apenas com a alimentação expõe uma situação alarmante em que o trabalhador que recebe salário mínimo, ou algo próximo, por ter menos da metade de seus rendimentos para todos os demais custos de sua vida, como moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte lazer e previdência”, avalia o economista Lucas Marin.

“No que diz respeito ao consumo, o mais provável é que as famílias mais vulneráveis recorram a alimentos mais baratos, ultraprocessados, de menor qualidade”

Esse comprometimento da renda é a maior fragilidade para o trabalhador com o preço dos alimentos, mais ainda se houver apenas um provedor na família. Para Marin, em casos como esse, se torna difícil para que a família possa escapar da precariedade, o que ele chama de uma “armadilha da pobreza” em que só é possível superá-la através dos programas de transferência de renda operados pelo poder público.

O aumento do valor dos alimentos também é ruim para o consumo, já que gastos em outras áreas ficam comprometidos. “No que diz respeito ao consumo, o mais provável é que as famílias mais vulneráveis recorram a alimentos mais baratos, ultraprocessados, de menor qualidade, o que pode impactar a saúde no longo prazo, ou até mesmo deixem de consumir certos alimentos, serviços, bens e produtos”.

Embora seja importante acompanhar esses dados, Marin afirma que não existe fórmula mágica, já que os alimentos são afetados por muitas variáveis como a inflação, tratados comerciais internacionais, demanda do mercado, distribuição, sazonalidade e mesmo as chuvas, colheitas e o valor do transporte.

Para tentar se prevenir, ele aponta algumas saídas individuais: “A compra em maior volume seja em atacados, centros de distribuição ou feiras também pode ajudar na redução dos custos, assim como alinhar o consumo coma sazonalidade dos produtos para evitar uma variação mais altas nos preços”, consumindo frutas da estação, por exemplo.