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por Equipe do Observatório

Crise na Argentina não deve impactar balança goiana

A Argentina já chegou a receber 10% das exportações brasileiras, mas em meio à crise esse número caiu para 5,4% em 2023. Com o adensamento da crise e novas medidas econômicas que cortam na carne, o comércio entre o Brasil e, especificamente, entre Goiás e os hermanos pode esfriar mais.

“O problema econômico da Argentina não é recente e dificilmente será solucionado no governo de Javier Milei”, avalia o professor de Relações Internacionais da PUC-GO, Giovanni Okado. “Parece ser pouco provável que esse tipo de corte seja sustentável em longo prazo, porque certamente despertará protestos no país. Milei já tem indicado que deve buscar um caminho mais moderado para a Argentina, e um dos maiores desafios econômicos é encontrar um meio termo entre cortar gastos e retomar o crescimento, sem comprometer mais o padrão de vida dos cidadãos”, completa.

“Parece ser pouco provável que esse tipo de corte seja sustentável em longo prazo, porque certamente despertará protestos no país”

Goiás não é um dos Estados brasileiros mais impactados já que a maior parte da exportação do agro não tem a Argentina como destino e a maior parte das indústrias em território goiano atuam na área de alimentos. O país vizinho importa do Brasil principalmente produtos têxteis e automotivos. Sendo assim, embora a balança comercial com o Brasil seja impactada, não deve fazer muita diferença para a balança de Goiás: a Argentina sequer configura entre os cinco principais parceiros comerciais do Estado.

Em janeiro deste ano, a queda de importações brasileiras já foi de 25% em relação a janeiro do ano passado. Para o agro goiano, o país vizinho ainda compra e deve comprar soja, mas não é o principal cliente da produção goiana. E se afastar desse parceiro talvez não seja tão ruim: a Argentina tem atrasado pagamentos e impondo novas regras que dificultam vender para o país.

Além disso, a China vem ganhando território e negociando em moeda própria, o que coloca os países que negociam em dólar em desvantagem. Ainda é cedo para avaliar a médio prazo os impactos reais, mas uma imagem mais clara deve se desenhar até o final do primeiro ano do governo Milei.