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por Equipe do Observatório

Defasagem da tabela do Imposto de Renda chega à 149,56%

A defasagem da tabela do Imposto de Renda (IR) chega a 149,56% segundo dados divulgados pelo Sindicato dos Auditores da Receita Federal (Sindifisco). O levantamento levou em conta a inflação de 2023 e os dados acumulados desde o início da série histórica em 1996, já no plano real.

O sindicato aponta que o principal problema desta defasagem é que ela compromete o poder aquisitivo do trabalhador, além do avanço na desigualdade tributária do país, provocando uma distorção no valor cobrado em impostos. O resultado é que, a cada ano, as camadas mais pobres da população acabam pagando mais, o que pressiona especialmente a classe média.

“Quando a gente tem uma cobrança de imposto de renda sobre pessoas que possuem uma renda baixa ou uma renda média (…) essas pessoas vão ficando cada vez mais pobres”

“O objetivo do Imposto de Renda é reduzir a desigualdade social, no qual pessoas com maior renda deveriam ser mais tributadas. Mas as pessoas muito ricas ou que possuem sua renda voltada aos dividendos das empresas, que elas são donas, acabam pagando menos impostos”, explica o economista Luiz Ongaratto. “Então, quando a gente tem uma cobrança de imposto de renda sobre pessoas que possuem uma renda baixa ou uma renda média, o que é que vai acontecer? Essas pessoas vão ficando cada vez mais pobres, principalmente porque esse imposto é recolhido na fonte”, completa.

Apesar do governo federal ter feito um reajuste na tabela e ampliado a faixa de isenção para um rendimento mensal de R$ 2.824, o avanço é muito pequeno, além de ficar muito abaixo da isenção prometida para renda até R$ 5 mil.

No atual formato, quem recebe até R$ 6 mil, tem um pagamento mensal adicional de R$ 682,58, um montante que excede em 827,06% o valor que deveria ser pago segundo o Sindifisco. O impacto é menos sentido em salários mais altos: no caso dos contribuintes com renda mensal tributável de R$ 10 mil, o acréscimo é de 207,06%.