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por Equipe do Observatório

Estudo revela que salários das mulheres ainda é inferior ao dos homens nas mesmas funções

As mulheres ainda têm salários menores do que os homens, apesar de terem mais instrução, revelou o módulo sobre Trabalho e Rendimento do Censo 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em outubro. Apesar de serem 52% da população geral, as mulheres eram apenas 43,6% da força de trabalho em 2022.

A proporção só se inverteu em três grupos de ocupação: eram a maioria entre profissionais de ciência e intelectuais; de apoio administrativo e de vendedores. Porém, a pesquisa revelou que as mulheres são maioria absoluta em serviços domésticos (93,1%) e também em saúde humana e serviços sociais e de educação (70%).

Quanto à renda, a média masculina ficou em R$ 3.115 enquanto a feminina ficou em R$ 2.506, com variação na diferença conforme o grau de instrução. Com ensino superior completo, homens ganhavam em média R$ 7.347 contra R$ 4.591 das mulheres. Entre todos os trabalhadores, as mulheres são as com maior instrução: 28,9% das trabalhadoras têm nível superior contra 17,3% dos homens.

“Há campanhas internas para ter mais mulheres em comando, existem empresas que fazem isso, que buscam isso, mas é algo ainda muito novo, é muito recente e ainda não traz um efeito prático nos números”

O IBGE também identificou diferença nos rendimentos considerando a etnicidade. A menor quantia foi entre trabalhadores indígenas (R$1.653) mensais, e depois por pessoas pretas (R$2.061). A média mais alta foi identificada entre amarelos (R$5.942), seguidos por brancos (R$3.659).

“O IBGE tem soltado periodicamente balanço sobre o censo de 2022 e dessa vez finalizou de renda e emprego e percebe-se a continuidade de um problema antigo na economia brasileira: a discriminação por gênero e por raça. Temos pessoas pretas que ganham bem menos do que pessoas brancas e mulheres ganhando menos que homens. E a renda média do brasileiro, quando comparado a um homem branco e uma mulher negra, por exemplo, fazendo a mesma função, na mesma faixa de idade, com mesma escolaridade, acaba que a mulher negra, ganha a metade ou menos da metade do que um homem branco nessa faixa”, pontua o especialista em economia, Leandro Resende.

“Hoje a população feminina no mercado de trabalho cresceu muito e nem essa evolução demonstra uma presença maior da igualdade. Então a desigualdade permanece, mesmo não sendo crescente. O que a gente percebe também nesse estudo novo do IBGE que traz é que as mulheres ocupam os cargos de menor valor de renda, ou seja, os cargos de decisão da empresa, os cargos de maior salário, ainda ficam com o público masculino”, pontua Resende.

Para ele, esses estudos são importantes para que possam ser feitas reflexões e projetadas tentativas de mudar essa realidade criada pelo cenário histórico do mercado de trabalho.

No meio privado, ele destaca que grandes corporações têm montado tentativas de equalização, mas que também avançam lentamente. “Há campanhas internas para ter mais mulheres em comando, existem empresas que fazem isso, que buscam isso, mas é algo ainda muito novo, é muito recente e ainda não traz um efeito prático nos números”, avalia. Pela própria presença e aumento do número de mulheres no meio corporativo, ele projeta que cargos de chefia devam começar a ser mais ocupados por mulheres “gradativamente nas próximas duas décadas. É uma tendência que em algum momento as mulheres também passem a evoluir nessa cadeia de remuneração, ocupando cargos de decisão e que promovam novas mulheres, mas é algo lento de acontecer, infelizmente”, finaliza.