Foto: Nathália Rosa/Unsplash
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por Equipe do Observatório

Goiás tem crescimento recorde de empresas, mas renda do trabalhador continua baixa

Goiás registrou 216,3 mil unidades locais de empresas e outras organizações formais ativas no Estado em 2021, o que representa um aumento de 7,8% em relação ao ano anterior, quando foram registradas 200,7 mil empresas, segundo o Cadastro Central de Empresas (Cempre) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O número de pessoal ocupado também cresceu, subindo 6,8% em relação ao ano de 2020. Conforme o levantamento, em 2021, havia 1,7 milhão de pessoas ocupadas em 31 de dezembro, o que significa 110 mil pessoas a mais que em 2020. Do total, 1,5 milhão (86,0%) estava como pessoal ocupado assalariado e 242,7 mil (14,0%) na condição de sócio ou proprietário.

“Como a maioria dos trabalhadores está sendo empregada em serviços e comércio, que agrega pouco valor, não se pode esperar aumento na taxa de produtividade, de forma a alavancar a renda”

A média salarial em 2021 foi de 2,6 salários mínimos. O setor de comércio foi o que mais empregou: 386 mil pessoas, sendo 296,5 mil delas assalariadas. Por outro lado, na comparação com as demais seções, o comércio paga o sexto menor salário médio mensal: de R$ 2.061,62, ou 1,9 salário mínimo.

“Contextualizando, observaremos que Goiás não é um caso exclusivo de crescimento do número de empresas, pois é um fenômeno nacional – em reação aos efeitos sociais e econômicos da pandemia. Cresceu no país e no Estado o número de empreendimentos de serviços pessoais, de alimentação e de entrega, como forma de substituir uma crise de renda advinda da suspenção de outras atividades, das demissões de trabalhadores e das interrupções de suprimentos nas cadeias produtivas”, explica o economista Everaldo Leite, lembrando, por exemplo, da “uberização” de diversas atividades durante a pandemia, o que significa um crescimento de postos de trabalho quantitativo, mas não qualitativo. “As atividades surgidas pouco contribuirão para a melhoria do bem-estar social, visto que são atividades de autopreservação e não de oportunidade”, ressalta.

Isso é demonstrado pela falta de incremento significativo na renda, que segue baixa. “Como a maioria dos trabalhadores está sendo empregada em serviços e comércio, que agrega pouco valor, não se pode esperar aumento na taxa de produtividade, de forma a alavancar a renda. Além disso, o processo inflacionário, a queda na renda do trabalhador nos últimos cinco anos, a taxa de desemprego, o alto endividamento das famílias e a escassez de crédito, tem feito com que a economia continue estagnada, não permitindo crescimento da produtividade em vários segmentos”, avalia Leite.