Compartilhar

por Equipe do Observatório

Pandemia e desmotivação afastam jovens da escola e do trabalho

Segundo dados do Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Pesquisas Socioeconômicas (IMB), em 2022, 18,3% dos jovens entre 15 e 29 anos não trabalhavam nem estudavam. A nível nacional, a taxa chegou a 20,9%, muito maior que a registrada na população em geral, de 9,3%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).

Apesar do Brasil ter atingido a menor taxa de desemprego desde 2015 e a tendência ter se mantido no 1º trimestre de 2023, o desemprego permanece maior entre os jovens. No 1º trimestre de 2023, a taxa de desocupação no Brasil ficou em 8,8%, enquanto entre os jovens de 14 a 24 anos ela chegou a 18%.

“Isso é um reflexo pós-pandêmico que não foi recuperado”

Enquanto o Brasil tem cerca de 9,4 milhões de desempregados, os jovens representam mais da metade: 55%, ou 5,2 milhões.” Esse é um fenômeno que está acontecendo no mundo inteiro. Isso é um reflexo pós-pandêmico que não foi recuperado”, avalia o economista Pedro Ramos. O economista aponta algumas possíveis razões para estes números, sendo as principais a desmotivação com o mercado de trabalho; a falta de qualificação e os impactos da pandemia.

“Primeiro, os jovens estão descrentes com os cursos superiores justamente porque o mercado também fica saturado e não consegue abarcar todas as pessoas recém-formadas. Então a pessoa acaba optando por não estudar e não consegue uma vaga mais qualificada. Ao mesmo tempo, há uma dificuldade do mercado em absorver a mão-de-obra qualificada, mas sem experiência”.

As pesquisas mostram que a evasão escolar de fato é um dos maiores fatores que contribuem para esse desalento, mas ele começa ainda mais cedo: o Ensino Médio segue sendo campeão de evasão escolar. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, muitos dos jovens que não trabalham nem estudam não concluíram o nível médio, o que impõe uma barreira enorme de acesso ao mercado de trabalho. O resultado é uma força de trabalho desocupada grande, desqualificada e inexperiente.

Fonte: IBGE. Arte: Poder 360

A pandemia por sua vez fez uma tendência negativa piorar: essa faixa etária diminuiu, mas permanece a mais desempregada, cujo atraso na inserção efetiva no mercado de trabalho pode trazer prejuízos a médio prazo para a economia como um todo. A crise econômica atrelada à pandemia não apenas atrasou essa inserção como quando ela acontece, tardiamente, implica em menores salários e, portanto menor renda, em uma idade mais avançada, já que são pessoas inexperientes ingressando em vagas de entrada em uma idade maior.

Políticas públicas mais abrangentes para a capacitação e também inserção desses jovens no mercado são necessárias para prevenir estes impactos.