No início de junho, o Governo Federal anunciou o programa Desenrola, programa de renegociação de dívidas de até R$ 5 mil para famílias com renda mensal de até dois salários-mínimos. A previsão do Ministério da Fazenda é que 70 milhões de pessoas sejam beneficiadas. Segundo a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), a maioria dos inadimplentes brasileiros possuem dívidas abaixo desse teto (veja gráfico abaixo).
Segundo pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito com dados da Câmara de Dirigentes Lojistas de Goiânia, na capital o número de inadimplentes cresceu 6,07% em maio de 2023 em relação a maio de 2022. 30,38% dos inadimplentes da capital tinham dívidas no valor de até R$ 500, e 44,03% têm dívidas de até R$ 1 mil com tempo de atraso de até três anos. A maior parte das dívidas são com bancos: 64,9%.
“É um programa que pode ajudar, mas não é uma vara de condão para resolver o problema de endividamento de muitas famílias”
O economista Bruno Fleury avalia que o programa, com previsão de começar a operar em setembro, tem grande potencial para desafogar grande parte da população e aquecer a economia.
“Trazer as pessoas de volta ao consumo é muito importante porque acaba levantando a economia. No Brasil, o crediário é muito importante para que as famílias possam adquirir suas coisas, especialmente as famílias de baixa renda”, aponta.
As dívidas renegociadas serão financiadas por instituições que tenham autorização do Banco Central para realizar operações de crédito. Esses agentes habilitados deverão financiar, com recursos próprios, as dívidas incluídas no Desenrola. Os financiamentos contarão com garantia do FGO sobre o principal.
“Qualquer medida que facilite às pessoas reduzir sua inadimplência e seu endividamento é sempre bem-vinda. Como as taxas estão muito elevadas, as empresas tendem a aceitar renegociar por um pouco menos [do que é devido]”, comenta o economista. De fato, as instituições financeiras e empresas que oferecerem os maiores descontos serão as primeiras a entrar no programa.
Bruno avalia, porém, que embora o programa injete força no mercado imediatamente e devolva o poder de compra das famílias, é preciso alguma política ou solução mais permanente para evitar novo endividamento e um retorno à inadimplência, comprometendo a renda familiar outra vez: “É um programa que pode ajudar, mas não é uma vara de condão para resolver o problema de endividamento de muitas famílias”, conclui.