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por Equipe do Observatório

Rebanho bovino goiano bate novo recorde, mas isto não se reflete em carne mais barata

O rebanho bovino goiano cresceu pelo quarto ano consecutivo e chegou a 24,4 milhões de cabeças em 2022. O quantitativo é o maior da série histórica iniciada em 1974 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nova Crixás tem o maior efetivo de bovinos entre os municípios goianos e o 12º entre os municípios brasileiros e Orizona ficou em 7º lugar nacional na produção de leite.

Nova Crixás atingiu um rebanho de 849.529 cabeças, seguido por São Miguel do Araguaia, com 660.056 cabeças. Os outros municípios goianos que se destacaram foram Porangatu (508.765), Caiapônia (450.000), Mineiros (380.000), Jussara (376.833), Goiás (339.279), Jataí (335.000), Crixás (334.000) e Aruanã (330.250). Goiás também fechou 2022 com 20.441 bubalinos, um recuo de 2,2%, e 395.288 equinos, um aumento de 0,4%.

“A área continua sendo bem parecida e muito foi mecanizado na agroindústria. Um rebanho maior não gera um pico de empregos que seja fora da curva”

O valor de produção de todos os produtos de origem animal levantados pela Pesquisa da Pecuária Municipal 2022 chegou a R$ 116,3 bilhões, e 7,4% (ou R$ 8,6 bilhões) desse valor vieram da aquicultura. Em relação ao ano anterior a alta foi de 17,5%. O leite concentrou 68,8% do valor de produção de R$ 116,3 bilhões, ou R$ 80,0 bilhões. A produção de leite de vaca caiu 1,6% no ano, chegando a 34,6 bilhões de litros. A liderança permanece com Castro (PR), com 426,6 milhões de litros.

Todo esse aumento, porém, não se reflete nos preços do produto final nem na geração de empregos. Conforme explica o economista Pedro Ramos, a produção pecuária é grandemente mecanizada e sua expansão não implica necessariamente no incremento de mão-de-obra. “O gado aumenta, mas a área continua sendo bem parecida e muito foi mecanizado na agroindústria. Um rebanho maior não gera um pico de empregos que seja fora da curva”, avalia o economista. “Caso isso continue aumentando, a longo prazo, aí sim pode exigir mais contratação para esse setor”, completa.

Além disso, grande parte da produção tem como foco o mercado externo e seu aumento não deve influenciar os preços do mercado interno. “Mesmo que tenha uma oferta maior, ainda existem outros elementos que não vão fazer que o preço da carne abaixe neste momento, como por exemplo o aumento no diesel e as exportações”, diz Ramos.

Isso é reforçado pela própria análise do IBGE: “Com a demanda interna enfraquecida e poder de compra da população reduzido, a exportação de produtos pecuários, sobretudo as carnes, foi a alternativa adotada para o escoamento da produção. As exportações atingiram um recorde e a China consolidou-se como importante mercado para as carnes, seja ela de frangos, suínos ou bovinos”, aponta a analista Mariana Oliveira.