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por Equipe do Observatório

Redução dos juros pode trazer impactos significativos no emprego e na renda a médio prazo

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aprovou a redução da taxa básica de juros (Selic) de 13,75% para 13,25% e sinalizou novas reduções para todas as próximas reuniões do comitê. Apesar do corte tímido, diversos setores já reagiram positivamente, podendo vir a impactar o consumo dos trabalhadores. Segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), o crédito e prestações das pessoas já deve ter algum barateamento, com os juros médios passando de 126,23% para 125,22% ao ano. A diminuição ainda é marginal, mas serve para dar sinal de um cenário mais positivo dentro de um ano.

Em outra frente, os bancos também anunciaram reduções no consignado. A Caixa vai reduzir de 1,74% para 1,70% ao mês para beneficiários e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o Banco do Brasil reduziu as taxas 1,81% ao mês para 1,77% ao mês.

“O real fator de redução de preços de qualquer produto na prática é a concorrência e infelizmente o mercado de crédito brasileiro é extremamente concentrado”

Segundo o economista Felipe Cordeiro, a mudança “trará uma redução no custo dos empréstimos no varejo no médio prazo, a grande questão disso é a velocidade em que se dará essa queda, pois o real fator de redução de preços de qualquer produto na prática é a concorrência e infelizmente o mercado de crédito brasileiro é extremamente concentrado e essa redução deve ser puxada inicialmente pelas cooperativas de créditos e bancos públicos”.

Outro ponto de dificuldade significativa dessa redução é a velocidade com que o Copom anunciou essa redução da taxa: “apesar de terem sinalizado que vão abaixar meio ponto em todas as próximas reuniões desse ano, só teremos mais três reuniões do comitê, o que projeta a taxa Selic para o fim do ano para algo em torno de 11,75%, com redução significativa só mesmo a partir do ano que vem, quando o mercado já projeta que a taxa irá fechar em 9,5% em 2024”, diz.

Assim, contratos de empréstimos já feitos terão pouca margem para redução, pois os juros geralmente são pré-fixados na assinatura do contrato. A redução deve chegar em novos contratos a partir das próximas reduções da taxa. Outra mudança é que o crédito pode vir a ficar mais acessível já que o valor final dos juros dos contratos tende a reduzir e isso permite que mais pessoas consigam contrair empréstimos, o que pode causar um efeito positivo no consumo.

A redução da taxa também permite a ampliação de investimento por parte dos empresários, o que tem um efeito imediato no desemprego. Mas por quê agora? Ainda segundo Cordeiro, a variação da taxa é muito sensível a diversos fatores macroeconômicos que se tornaram favoráveis entre o ano passado e este mês de agosto. “Em 2022, ano da eleição, se observou uma grande redução na inflação, mas com a redução persistente e significativa neste ano de 2023, atualmente em 3,16%, um dos menores níveis da nossa história. O Banco Central viu espaço para iniciar esse processo de redução da Selic, também para atender a demanda do empresariado brasileiro que está com dificuldades em suas empresas com o alto custo financeiro dos empréstimos de giro e o baixo consumo por causa do baixo crescimento do PIB”, explica.