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por Equipe do Observatório

Retirada recorde da poupança pode ter ligação com a renda do brasileiro

Segundo dados divulgados pelo Banco Central, o saque de valores da poupança voltou a bater recorde em maio: os brasileiros retiraram R$ 11,75 bilhões da reserva, formando o maior saque líquido desde que a série histórica foi iniciada em 1995.

Os dados também vão de encontro com o mesmo período do ano passado, em que o saldo de depósitos superou os saques em R$ 3,51 bilhões. Com o desempenho de maio, a poupança acumula retirada líquida de R$ 69,23 bilhões no acumulado do ano. Em 2022, a caderneta registrou fuga líquida (mais saques que depósitos) recorde de R$ 103,24 bilhões.

“Então quem quer uma garantia, uma segurança, consegue ter rendimentos melhores do que na poupança [fora dela]”

O baixo rendimento, de cerca de 0,5%, seria um dos motivadores. Nos 12 meses terminados em maio, a aplicação rendeu 8,38%, segundo o Banco Central. “Existe uma preocupação em relação a isso porque a poupança subsidia o sistema nacional de habitação. A poupança hoje rende cerca de 0,5% ao mês e qualquer outro investimento que você fizer hoje paga um pouco mais, cerca de 1,5%, rendendo o dobro da poupança. Então quem quer uma garantia, uma segurança, consegue ter rendimentos melhores do que na poupança [fora dela]”, avalia o economista André Braga.

O também economista Luiz Carlos Ongaratto avalia que a erosão do poder de compra e os impactos da pandemia que ainda continuam podem ser os principais motivadores. “Quando temos crises econômicas que persistem por muito tempo, as pessoas vão consumindo todas as suas reservas para pagar dívidas ou sua manutenção mensal, do dia-a-dia”, diz.

Dado isso, Braga avalia que essa retirada não diz respeito aos endividados e que o brasileiro esteja procurando formar suas reservas em outras fontes seguras e mais rentáveis de renda fixa. “As pessoas geralmente buscam a poupança pela segurança. Vejo que pelo período de inflação mais elevada no ano passado, temos uma população com preocupação em repor o dinheiro, com um rendimento maior e seguro. Quem está endividado, já vem de longo prazo, e muito dificilmente vai ter algum recurso guardado em poupança”.