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por Equipe do Observatório

Expectativa de produção recorde de grãos tem impacto positivo na geração de emprego e renda

Dados da Expedição Safra, realizada pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Goiás) em janeiro, revelaram que a safra goiana 2024/2025 deverá bater recorde de produção: a expectativa é de mais de 20 milhões de toneladas de soja e um total de até 34 milhões de toneladas de grãos ao todo.

Essa expansão, naturalmente, impacta de maneira positiva a geração de emprego e renda no Estado. De janeiro a dezembro de 2024, foram registradas 89.430 admissões no setor, com destaque para vagas que exigem ensino médio completo, representando 38.422 contratações. Outras posições demandaram profissionais com fundamental incompleto (18.937 admissões) e ensino médio incompleto (10.330 admissões).

As oportunidades mais buscadas estão concentradas nos segmentos de trabalhadores agropecuários, florestais e da pesca, responsáveis por 64.322 admissões no período. Funções operacionais, como trabalhadores rurais e operadores de máquinas agrícolas, permanecem em alta, mas há também espaço para profissionais técnicos e qualificados, especialmente em mecanização agropecuária.

“Quando a gente pensa em agronegócio, todo o crescimento de produção, não fica restrito ao campo, ele fica distribuído em toda a cadeia produtiva”

“O impacto desse mercado vai além da geração de vagas: ele é um grande impulsionador da renda, sobretudo no interior, onde a agropecuária é a base econômica de muitas comunidades. Ao proporcionar empregos para diferentes níveis de escolaridade, o setor reforça o desenvolvimento local, criando novas oportunidades e fortalecendo as cadeias produtivas regionais”, aponta o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás, Pedro Leonardo Rezende.

“Quando a gente pensa em agronegócio, todo o crescimento de produção, não fica restrito ao campo, ele fica distribuído em toda a cadeia produtiva. Então a geração de emprego, a geração de renda, são correlacionadas. São estruturas dentro de uma cidade que começam a crescer com o desenvolvimento [do agronegócio]”, explica Leonardo Machado, gerente do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag). Localmente, isso se manifesta, por exemplo, na demanda do comércio local, como farmácias, lojas, supermercados, postos de gasolina, etc.

“Hoje você tem um cálculo de que cada hectare aberto ou cada hectare que se inicia uma produção de soja ele gera 0.2 empregos diretos e indiretos dentro da cadeia”, completa. Em relação à demanda, Machado aponta que há procura no operacional, no tático e no planejamento, mas que o operacional qualificado é com maior demanda por mão de obra. “É onde está a maior dor do produtor, é onde você precisa de operadores de máquinas qualificados, de pessoas que trabalham a lida da produtividade de forma mais qualificada”, conclui.

O economista Gustavo Tavares concorda com a avaliação de Machado: “O crescimento desse segmento vai impactar vários ramos da economia, o mais direto deles é referente à comercialização da soja mesmo, então isso vai impactar a balança comercial do Estado, vai fazer com que o Estado recolha mais tributos referentes a essa comercialização, isso tem uma distribuição para o município. Isso gera mais investimentos para as cidades, então esse é um efeito mais amplo, a longo prazo”, avalia. “O efeito mais específico, digamos assim, mais de curto prazo na economia, é relacionado aos serviços mais sofisticados: consultorias técnicas, assistência técnica rural relacionadas ao plantio, a colheita da soja, o setor de transportes”, pontua.

Há, além disso, uma demanda na logística, pois o escoamento da produção precisa de armazéns, rodovias, caminhoneiros, trabalhadores para atuar nesse transporte e processamento: “A tendência, com a produção, é ter um impacto muito significativo [na logística] no momento da colheita”.